fonte: expressodasilhas
KAYA, ARTISTA PLÁSTICO - É MENTOR E UM DOS FUNDADORES DO MOVIMENTO “TALENTOS ESCONDIDOS”
Kaya, de seu nome de baptismo, António Carlos dos Reis Barbosa, descobriu o seu talento artístico ainda nos bancos escolares. Quando passou a tomar a sério a pintura, frequentou o ateliê de Domingos Luisa, onde passou 12 anos, embora considere um autodidacta. Tornou-se conhecido do grande público como pintor mural, tendo decorado alguns dos pontos mais emblemáticos da cidade da Praia
Quando é que resolves dedicar-te exclusivamente à pintura?
Kaya - Sempre me senti empurrado para a pintura. Devido às dificuldades que surgiram no grupo musical que tínhamos na época, resolvi abeirar-me do artista plástico Domingos Luísa, em cujo Atelier passei 12 anos. Com ele aprendi o metier, embora me considere, até hoje, autodidacta.
Paralelamente, continuei a fazer as minhas pesquisas e os meus estudos secundários no liceu. Depois tive a sorte de apanhar uma bolsa para o Mali, em 1996, onde estudei Arte Africana, seja pintura, seja escultura. Em 1999, abri, em Achada de Santo António, (Brasil) na Praia, a minha empresa de artes decorativas e publicidades, a Kayarte. Fazíamos placard luminoso, artesanato, telas publicitárias, design, todo o tipo de decorações, etc. Na mesma altura, em 1999, fizemos uma exposição denominada, "A Arte e as suas Faces", integrada nas festas do município da Praia. Participaram nesta exposição colectiva artistas então emergentes como Paulo Rosa, Tutu, Mizá.
Kaya e Tutu criam movimento "Talentos Escondidos"
A partir deste grupo, criamos um movimento para apoiar artistas que se encontravam em dificuldade: o conhecido movimento "Talentos Escondidos". A primeira aparição pública do movimento teve lugar em 2000, em S. Vicente. Participaram neste acto inaugural do movimento "Talentos Escondidos" 10 artistas da Praia e 11 de S. Vicente. Em 2003 ,foi a vez da Praia receber o movimento, cujo objectivo era descobrir novos talentos. Este processo não terminou, e, hoje, ainda continuamos à procura de novos talentos. Considero-me, hoje, um pintor de música e poesia, dentro do género que eu defendo, que é o surrealismo.
Já desenvolveste muitos projectos, mas "Talentos Escondidos", pelo impacto que teve, continua a ser o teu maior. Que talentos trouxe este projecto à luz?
Kaya - "Talentos Escondidos" foi um movimento que trouxe à tona muitos artistas desconhecidos, sobretudo da ilha do Fogo, onde, nos últimos anos, esteve presente em muitos projectos. Isto porque o Fogo continua ainda culturalmente uma ilha fechada, porque os incentivos culturais são mais que parcos nesta ilha, seja a nível da literatura, seja a nível das artes plásticas. Conseguimos descobrir talentos que são hoje referência em toda a ilha do Fogo, como Zelito, Paulo, Paneyote.
"Talentos Escondidos" descobriu vários artistas que já se estabeleceram
Há outros nomes, mas cito apenas estes porque têm feito um nome como pintores murais e decoradores de bares e restaurantes. Enfim, esses talentos estão decorando e levando cores à ilha do Fogo. De resto, o movimento "Talentos Escondidos" tem trazido resultados em várias ilhas, moneadamente, em S.Vicente, Fogo, Praia e Maio. Nesta ilha, por exemplo, descobrimos para vertente tapeçaria e olaria, as artesãs Lina e Any, que hoje, têm os seus Ateliers montados com forte procura dos turistas que demandam a ilha.
Portanto, o movimento "Talentos Escondidos" não se cinge só à pintura?
Kaya - Não, a nossa aposta é descobrir novos talentos, independentemente da idade e do género artístico. Estamos a falar de artes: de literatura, dança, pintura, música, teatro, etc. De resto, o encerramento da primeira edição do movimento "Talentos Escondidos" na Praia, foi feito com récita de poesias, no Quintal da Música, e no Palácio da Cultura.
Um projecto como esse envolve recursos financeiros. Com que apoios têm contado?
Kaya - Fala-se muito na Lei do Mecenato, mas até nós não chegou. Na Praia, tivemos até de solicitar ajuda aos nossos pais, por falta de apoios institucionais. Gostaria de agradecer, penhoradamente, à Câmara Municipal de S. Vicente, como a única Câmara que nos alojou no Hotel 5 de Julho, deu-nos transporte, condutor e toda a logística necessária. Proporcionalmente, o trabalho que desenvolvemos não ficou aquém do incentivo recebido: realizamos um atelier, fizemos pinturas murais, restauramos pinturas danificadas por actos de vandalismo, etc. Pelo contrário, quando realizamos os "Talentos Escondidos" na Praia, tivemos grandes dificuldades, quando convidamos os artistas de S. Vicente: não apareceu a comunicação social, não apareceram os apoios e estivemos, por assim dizer, à mercê das nossas mães, que, inclusive, tiveram de nos emprestar panelas e outros utensílios domésticos.
Praia comemora, no mês de Maio, o seu 150º aniversário. Que projectos artísticos pensas apresentar?
Kaya - Pretendo apresentar projectos de grande envergadura. Pretendo, através de um Ateliê Dinâmico e de um outro, "Praia na ponta do pincel", mostrar o que esses anos trouxeram à Praia. No Ateliê Dinâmico , pretendo reunir tecelões, ceramistas, artesãos, mostrar o que vinha então do interior da ilha: balaios, chapéus-de-palha, bindes, potes.
" Praia na ponta do pincel"
Na Praça Alexandre Albuquerque, vamos ter artesãos a fazer balaios, chapéus-de-palha, vamos ter artistas a pintar e a esculpir. Iremos ter a participação do grupo Raiz di Polon e do grupo do Gamal. No projecto "Praia na ponta do pincel", pretendemos com jovens artistas pintar os sítios mais emblemáticos da cidade da Praia, que desde já apelo aos praienses que adquiram um destes quadros, não só para terem em casa o que é nosso, mas também como forma de estimular os jovens pintores.
Tens um outro projecto sobre a zona do Brasil, na Achada de Santo António. Do que se trata?
Kaya - Bom, trata-se antes de uma pesquisa que eu estou a fazer. Acho que seria importante desvendar algumas dúvidas sobre a origem desta zona e do seu próprio nome. Irei trazer à luz as suas grandes figuras culturais e desportivas, tendo em conta que Brasil produziu grandes desportistas desde o Futebol ao Boxe, e conheceu uma forte manifestação cultural, nomeadamente a tabanka. Irei expor, na entrada principal do Brasil, painéis com biografia e fotografias das grandes glórias do Brasil, em todos os domínios.
Tens-te dedicado, nos últimos anos, à pintura mural, sobretudo, na cidade da Praia. Consideras-te um pioneiro nesta arte?
Kaya - Acho que sim, que fui um dos primeiros a dedicar a este tipo de pintura na cidade da Praia. Criei um estilo à base de formas e contornos.
Tentei fugir um pouco à graffiti, que já faz parte da cultura urbana e se vê em todas as grandes cidades. A graffiti tem a sua própria filosofia e o estilo que eu criei tem a ver mais com uma lírica política, sem nenhum tipo da reivindicação social: o meu estilo faz parte do embelezamento e expressividade. Já pintei na rampa de São Januário, na rampa do restaurante " Poeta" na Achada Santo António e estou a terminar mais uma pintura mural na Avenida da Democracia e Liberdade, também na ASA.
Kaya, de seu nome de baptismo, António Carlos dos Reis Barbosa, descobriu o seu talento artístico ainda nos bancos escolares. Quando passou a tomar a sério a pintura, frequentou o ateliê de Domingos Luisa, onde passou 12 anos, embora considere um autodidacta. Tornou-se conhecido do grande público como pintor mural, tendo decorado alguns dos pontos mais emblemáticos da cidade da Praia
Quando é que resolves dedicar-te exclusivamente à pintura?
Kaya - Sempre me senti empurrado para a pintura. Devido às dificuldades que surgiram no grupo musical que tínhamos na época, resolvi abeirar-me do artista plástico Domingos Luísa, em cujo Atelier passei 12 anos. Com ele aprendi o metier, embora me considere, até hoje, autodidacta.
Paralelamente, continuei a fazer as minhas pesquisas e os meus estudos secundários no liceu. Depois tive a sorte de apanhar uma bolsa para o Mali, em 1996, onde estudei Arte Africana, seja pintura, seja escultura. Em 1999, abri, em Achada de Santo António, (Brasil) na Praia, a minha empresa de artes decorativas e publicidades, a Kayarte. Fazíamos placard luminoso, artesanato, telas publicitárias, design, todo o tipo de decorações, etc. Na mesma altura, em 1999, fizemos uma exposição denominada, "A Arte e as suas Faces", integrada nas festas do município da Praia. Participaram nesta exposição colectiva artistas então emergentes como Paulo Rosa, Tutu, Mizá.
Kaya e Tutu criam movimento "Talentos Escondidos"
A partir deste grupo, criamos um movimento para apoiar artistas que se encontravam em dificuldade: o conhecido movimento "Talentos Escondidos". A primeira aparição pública do movimento teve lugar em 2000, em S. Vicente. Participaram neste acto inaugural do movimento "Talentos Escondidos" 10 artistas da Praia e 11 de S. Vicente. Em 2003 ,foi a vez da Praia receber o movimento, cujo objectivo era descobrir novos talentos. Este processo não terminou, e, hoje, ainda continuamos à procura de novos talentos. Considero-me, hoje, um pintor de música e poesia, dentro do género que eu defendo, que é o surrealismo.
Já desenvolveste muitos projectos, mas "Talentos Escondidos", pelo impacto que teve, continua a ser o teu maior. Que talentos trouxe este projecto à luz?
Kaya - "Talentos Escondidos" foi um movimento que trouxe à tona muitos artistas desconhecidos, sobretudo da ilha do Fogo, onde, nos últimos anos, esteve presente em muitos projectos. Isto porque o Fogo continua ainda culturalmente uma ilha fechada, porque os incentivos culturais são mais que parcos nesta ilha, seja a nível da literatura, seja a nível das artes plásticas. Conseguimos descobrir talentos que são hoje referência em toda a ilha do Fogo, como Zelito, Paulo, Paneyote.
"Talentos Escondidos" descobriu vários artistas que já se estabeleceram
Há outros nomes, mas cito apenas estes porque têm feito um nome como pintores murais e decoradores de bares e restaurantes. Enfim, esses talentos estão decorando e levando cores à ilha do Fogo. De resto, o movimento "Talentos Escondidos" tem trazido resultados em várias ilhas, moneadamente, em S.Vicente, Fogo, Praia e Maio. Nesta ilha, por exemplo, descobrimos para vertente tapeçaria e olaria, as artesãs Lina e Any, que hoje, têm os seus Ateliers montados com forte procura dos turistas que demandam a ilha.
Portanto, o movimento "Talentos Escondidos" não se cinge só à pintura?
Kaya - Não, a nossa aposta é descobrir novos talentos, independentemente da idade e do género artístico. Estamos a falar de artes: de literatura, dança, pintura, música, teatro, etc. De resto, o encerramento da primeira edição do movimento "Talentos Escondidos" na Praia, foi feito com récita de poesias, no Quintal da Música, e no Palácio da Cultura.
Um projecto como esse envolve recursos financeiros. Com que apoios têm contado?
Kaya - Fala-se muito na Lei do Mecenato, mas até nós não chegou. Na Praia, tivemos até de solicitar ajuda aos nossos pais, por falta de apoios institucionais. Gostaria de agradecer, penhoradamente, à Câmara Municipal de S. Vicente, como a única Câmara que nos alojou no Hotel 5 de Julho, deu-nos transporte, condutor e toda a logística necessária. Proporcionalmente, o trabalho que desenvolvemos não ficou aquém do incentivo recebido: realizamos um atelier, fizemos pinturas murais, restauramos pinturas danificadas por actos de vandalismo, etc. Pelo contrário, quando realizamos os "Talentos Escondidos" na Praia, tivemos grandes dificuldades, quando convidamos os artistas de S. Vicente: não apareceu a comunicação social, não apareceram os apoios e estivemos, por assim dizer, à mercê das nossas mães, que, inclusive, tiveram de nos emprestar panelas e outros utensílios domésticos.
Praia comemora, no mês de Maio, o seu 150º aniversário. Que projectos artísticos pensas apresentar?
Kaya - Pretendo apresentar projectos de grande envergadura. Pretendo, através de um Ateliê Dinâmico e de um outro, "Praia na ponta do pincel", mostrar o que esses anos trouxeram à Praia. No Ateliê Dinâmico , pretendo reunir tecelões, ceramistas, artesãos, mostrar o que vinha então do interior da ilha: balaios, chapéus-de-palha, bindes, potes.
" Praia na ponta do pincel"
Na Praça Alexandre Albuquerque, vamos ter artesãos a fazer balaios, chapéus-de-palha, vamos ter artistas a pintar e a esculpir. Iremos ter a participação do grupo Raiz di Polon e do grupo do Gamal. No projecto "Praia na ponta do pincel", pretendemos com jovens artistas pintar os sítios mais emblemáticos da cidade da Praia, que desde já apelo aos praienses que adquiram um destes quadros, não só para terem em casa o que é nosso, mas também como forma de estimular os jovens pintores.
Tens um outro projecto sobre a zona do Brasil, na Achada de Santo António. Do que se trata?
Kaya - Bom, trata-se antes de uma pesquisa que eu estou a fazer. Acho que seria importante desvendar algumas dúvidas sobre a origem desta zona e do seu próprio nome. Irei trazer à luz as suas grandes figuras culturais e desportivas, tendo em conta que Brasil produziu grandes desportistas desde o Futebol ao Boxe, e conheceu uma forte manifestação cultural, nomeadamente a tabanka. Irei expor, na entrada principal do Brasil, painéis com biografia e fotografias das grandes glórias do Brasil, em todos os domínios.
Tens-te dedicado, nos últimos anos, à pintura mural, sobretudo, na cidade da Praia. Consideras-te um pioneiro nesta arte?
Kaya - Acho que sim, que fui um dos primeiros a dedicar a este tipo de pintura na cidade da Praia. Criei um estilo à base de formas e contornos.
Tentei fugir um pouco à graffiti, que já faz parte da cultura urbana e se vê em todas as grandes cidades. A graffiti tem a sua própria filosofia e o estilo que eu criei tem a ver mais com uma lírica política, sem nenhum tipo da reivindicação social: o meu estilo faz parte do embelezamento e expressividade. Já pintei na rampa de São Januário, na rampa do restaurante " Poeta" na Achada Santo António e estou a terminar mais uma pintura mural na Avenida da Democracia e Liberdade, também na ASA.
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